domingo, 30 de agosto de 2009

Dia 12 de agosto de 2009

Manhã - 4 horas
Iniciei a manhã de quarta-feira apresentando as datas dos nossos próximos encontros (até o final da formação) e também lembrando das tarefas que teremos a cumprir até lá (portfólio e projeto). Também aproveitei para relatar às professoras cursistas sobre minha última reunião com a coordenadora e secretária da educação e que, juntas, decidimos que não seria agora o momento apropriado para aplicar as provas diagnósticas. Combinamos que no início do ano que vem iremos aplicar as provas diagnósticas de entrada em toda a rede municipal, fazer as intervenções necessárias e depois aplicar as provas diagnósticas de saída. As professoras entenderam e concordaram com a decisão. E assim iniciei mais uma oficina:

OFICINA 7
Unidades 13 e 14

Na unidade 13 refletimos sobre os usos sociais e funções da escrita no cotidiano.
Estamos cercados por diferentes modos de organização da informação na escrita: no comércio, os documentos que utilizamos, as revistas, jornais, livros que lemos, os sinais nas ruas, os outdoors, entre outros. O letramento se refere aos modos com que a escrita se apresenta na nossa sociedade, seus usos e suas funções nas diferentes situações comunicativas em que é utilizada coletiva e pessoalmente.
A leitura e a escrita são atividades de comunicação e são utilizadas com funções diferenciadas também da oralidade. Essas situações são parte da cultura ao mesmo tempo em que a constróem historicamente.
Em nossas salas de aula, os usos e funções da escrita devem ser ensinados, discutidos e criticados também a partir da observação do meio em que vivemos.
A partir destas reflexões, as professoras começaram a fazer os relatos das atividades que aplicaram em sala de aula, várias trabalharam o texto “ Nossas cidades”, que foi o ponto de partida para trabalhar a nossa cidade, Ivoti, que recebeu belíssimas homenagens por parte dos alunos. Um dado muito interessante foi levantado pelas professoras, os alunos de várias séries e de diferentes escolas tiveram muita dificuldade em achar algo negativo da nossa cidade. A professora Janine aproveitou a atividade para conhecer melhor o bairro em que a escola está situada, pediu para que eles “lessem” tudo que estava ao redor. As professoras Carla e Aline confeccionaram com seus alunos cartões postais, mostrando as belezas e os pontos turísticos da nossa cidade. A professora Cristiane de Lindolfo Collor criou lindos cartazes com seus alunos para divulgar a II Semana Literária da escola, os mesmos foram expostos nos murais da escola, nas salas de aula e no comércio do bairro, aproveitando a oportunidade para convidar a comunidade a participar.
Projetei no datashow o poema Cidadezinha Qualquer da pág. 97 e fiz uma leitura dramatizada do mesmo.

Cidadezinha Qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Apresentei a biografia de Carlos Drumond de Andrade e fiz os seguintes questionamentos:
Como era Itabira em 1930?
Como é a nossa cidade?
Que outras cidades vocês gostariam de conhecer? (reais ou não)
Aonde vocês gostariam de morar? Ou viajar?
Por que o título Cidadezinha no diminutivo?
“ Qualquer” é um elemento negativo?
A seguir fiz uma análise quanto a estrutura do poema:
Frases nominais, sem verbo, que dão a ideia de uma fotografia.
Estrutura simples, mostra a rotina “nada para fazer”
Segunda estrofe, andar sem rumo, mesmas classes gramaticais.
“Janelas” olham, seriam mulheres, de dentro da casa?
“Besta” um só adjetivo, como substantivo designa animal.
“Eta vida besta meu Deus” De quem? Do poeta? Das mulheres?
Em conjunto, planejamos uma proposta de trabalho para cada série de 5ª à 8ª. Planejamos a exploração do poema com os alunos.
Para a 5ª série pensamos em fazer a cidade do poema através de desenhos (como o aluno a imaginou).
Para a 6ª série pensamos em fazer uma relação entre o poema e a obra “O Mágico de Oz”, analisando as diferentes cidades: a do poema, a do Kansas (cinza) e a do mundo mágico (colorida), no qual Doroti vai parar.
Para a 7ª série pensamos em fazer uma relação com o texto “A Cidadezinha” de Monteiro Lobato.
Para a 8ª série pensamos no poema de Mario Quintana “Uma canção”, que traz a cidade de Porto Alegre cheia de relógios.
Também foi comentado sobre a música “Horizontes”, que traz a possibilidade de trabalhar a cidade através da letra da música, com qualquer série.
Passei então a palavra para a professora Janine que trabalhou o mesmo poema em sala de aula, ela levou um mapa para a sala de aula e pediu para que os alunos identificassem no mapa a cidade de Itabira ( viram que não fica tão longe assim). Também passou a biografia do autor. Uma 7ª série, após ter feito toda a parte da interpretação, produziu paródias sobre a nossa cidade a partir de músicas que os alunos conheciam. Outra 7ª série criou a “Cidade dos Sonhos” a partir das atividades desenvolvidas com o poema. A professora comentou sobre a alegria dos alunos ao criar a sua cidade dos sonhos, porém alguns deixaram de fora a escola.
A seguir passei para as professoras um texto que eu gosto muito de trabalhar em sala de aula:


A CIDADE DO ÓBVIO

É fácil localizar a cidade do Óbvio. Ela fica exatamente onde você esperava que ela ficasse e, inclusive, está identificada no mapa pela palavra “Óbvio”. Quem for de carro deve seguir as indicações na estrada até chegar onde quer ir: é Óbvio. Pode-se ir de ônibus, tendo o cuidado de pegar um ônibus que não vá para outro lugar, ou de trem, desde que se desça na estação certa. O nome da cidade, Óbvio, estará escrito na estação com letras. Se o nome na estação for outro, não é Óbvio. É claro.
Em Óbvio tem uma praça central onde ficam a igreja matriz e a prefeitura. A igreja é usada para missas, enquanto a administração da cidade se concentra, convenientemente, na prefeitura.
Apesar de uma certa mesmice , as casas de Óbvio, todas feitas com material de construção, se distinguem por certos detalhes arquitetônicos, como janelas e portas que abrem e fecham. Existem ruas. A cidade é cheia de lugares-comuns.
Em Óbvio conversa-se pouco. Primeiro, porque desde a fundação da cidade ninguém jamais teve um pensamento original e os assuntos se repetem. Segundo, porque as pessoas, quando se encontram, não precisam dizer nada. Em Óbvio está tudo na cara.
Óbvio fica logo depois de Evidente para quem vai a Redundância.
Os principais produtos da região são os truísmos e as coisas feitas ali mesmo. Quando a temperatura baixa, faz frio, mas os termômetros sobem quando esquenta.
E Óbvio tem uma peculiaridade quanto ao clima. Lá só chove no molhado.

Luis Fernando Verissimo

Avaliação – A avaliação desta oficina foi muito boa, todas as professoras adoraram as atividades que foram trabalhadas na oficina, assim como as que foram levadas para a sala de aula.

OFICINA 8
Unidades 15 e 16

Iniciei a oficina lembrando que nos encontros anteriores falei muito sobre “ o mundo mágico da leitura” e do “ler por prazer”.
De certo modo, fica meio escondido um dado importantíssimo do ato de ler: a leitura implica esforço, aprendizagem nem sempre muito fácil, disposição (Lembram da leitura de Grandes Sertões Veredas). Afinal, ler e escrever são experiências conquistadas pelo trabalho (Luis Fernando Verissimo diz que é como um outro trabalho qualquer), que pode, sim, ser compensador e tornar-se prazer, alegria, viagem...
Na verdade, seja qual for a forma de entender a leitura, não podemos deixar de considerar que ela é sempre um meio. Lemos sempre para alguma coisa: para saber mais, para nos alegrar, ela é sempre uma forma de nos entendermos e de nos situarmos no mundo – do universo familiar ao mais amplo.
É pensando em tornar esse trabalho não só mais direcionado, mas sobretudo mais significativo, que as unidades 15 e 16 enfatizam a importância das perguntas, nos vários momentos do processo de leitura. Um dos recursos essenciais na procura do conhecimento em geral é a pergunta. As questões que nos fazemos, ou fazemos aos outros, são uma boa medida do nosso interesse e dos caminhos que percorremos, quando queremos aprender alguma coisa. São, afinal, uma forma importante de interação com o mundo.
Também na ajuda ao aluno para a construção do significado do texto, a formulação de perguntas é de um valor inestimável, sobretudo quando temos consciência de que elas podem ter objetivos muito diferentes – de motivação à leitura até a comparação e crítica do texto. Por isso mesmo, a consideração das respostas tem de ser, também, diferente.
O processo da leitura pode ser considerado uma sequência de perguntas / hipóteses que o leitor faz (mesmo inconscientemente) em torno do texto. Por isso mesmo, nossas perguntas devem ajudar nosso aluno a avançar na formulação de suas próprias perguntas, caminhando para uma leitura autônoma. Daí a importância de se trabalhar também com perguntas formuladas pelos próprios alunos. Da mesma forma, é importante pensarmos que o trabalho com o texto pode ser muito mais produtivo quando é uma atividade compartilhada.
A partir desta reflexão, as professoras iniciaram os relatos de experiências que tiveram em sala de aula, apresentaram as atividades que aplicaram e falaram das dificuldades que os alunos apresentaram em formular as próprias perguntas referentes a um texto. O comentário geral foi de que o nosso aluno não está habituado a fazer perguntas sobre um texto, estão tão “bitolados” a só responder que tiveram muitas dificuldades em criar perguntas com sentido e possíveis de serem respondidas.
Ao final da oficina, pedi para que as professoras, em dupla ou em trio, fizessem uma avaliação das oficinas 7 e 8. Pedi que seguissem a seguinte ordem:
Avaliação – analisar a proposta e a execução da oficina (da elaboração feita pelo programa até sua realização: atitude do grupo, explicações e conduta do Formador, tempo, espaço, etc.).
Fiquei muito satisfeita ao, em casa, ler as seguintes avaliações:
“ Nossa formadora é bastante flexível, democrática quanto aos horários dos encontros. Sempre traz sugestões, propostas diversificadas, tornando nossos momentos ricos em oportunidades e em aprendizagem.
O fato de podermos compartilhar momentos de elaboração dos planos de aplicação nos próprios encontros, tem facilitado nossa prática diária.
Uma dificuldade que sentimos em relação ao acúmulo de atividades que precisam ser conciliadas, entre as que a escola propõe e aquelas que precisamos aplicar do projeto, muitas vezes, estas ficam incompletas ou inacabadas.
O aprofundamento das atividades acaba ficando superficial, em detrimento do curto espaço de tempo de que dispomos.
Além disso, estamos preocupadas com a gripe (H1N1), uma vez que temos que recuperar dias letivos em outros estabelecimentos de ensino em que trabalhamos e ainda ajusta-los ao curso.
Antecipando ainda uma preocupação sobre o projeto que precisa ser aplicado, as unidades das aulas e ainda dar conta do conteúdo proposto para as séries.”
( Professoras Janine e Adriane)

“ O TP 3 tinha atividades mais fáceis de serem aplicadas em relação ao TP 4. Os temas do TP 4 não são facilmente adaptáveis a todas as séries ( não queremos que tudo seja fácil mas, devido ao pouco tempo que temos para o planejamento e a aplicação, é um fator que dificulta).
A organização das oficinas é boa, nossa formadora traz materiais diversos e relacionados aos temas trabalhados. Demonstra conhecimento sobre o material, dando várias idéias.
O projeto é algo que ainda nos preocupa, pois não foi trabalhado, item por item. Poderia ser mais comentado sobre ele, trazendo diferentes exemplos.”
( Professoras Denise, Elisângela, Silvana)

“Os encontros do Gestar II estão sendo muito proveitosos, pois podemos trocar idéias, experiências, sugestões, aumentando assim a nossa aquisição e reflexão da teoria e prática.
O material é bastante variado e de fácil compreensão e com atividades interessantes para trabalhar com os alunos.
Apenas o pouco tempo que temos para desenvolver as atividades é desfavorável, que muitas vezes ficam incompletas.”
(Iria e Cláudia)

“Como já comentamos, o material, a proposta, os encontros, a troca de materiais e ideias estão sendo muito significativos. Porém, o problema maior é o tempo. Não há tempo suficiente para nos dedicarmos a cada livro e aprofundarmos os assuntos.”
(Aline F. e Carla K.)

“Acreditamos que, da mesma forma como nas oficinas anteriores, sentimos a dificuldade em relação a falta de tempo.
Um dos pontos positivos é a troca de idéias com as colegas. A professora formadora é muito prestativa e se empenha muito para facilitar os trabalhos”
(Keina e Marina)


Dia 12 de agosto – tarde (13h às 18h.)

Na parte da tarde, havíamos combinado uma visita ao Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) para ver a exposição de Artes da França 1860-1960. Mostra que reúne grandes artistas como Renoir, Picasso, Matisse, Cázanne, Monet, Modigliani e Manet. Aproveitei nossa visita a Porto Alegre e também agendei visitas às editoras Ática/Scipione e Atual. Fomos muito bem recebidas, cada professora recebeu quatro coleções de livros didáticos, além de vários livros de literatura, além de um delicioso café com petiscos.






Não foi possível tirar fotos dentro do museu, fiquei muito emocionada ao ver de perto tantas obras que antes só havia visto nos livros de literatura. Foi uma tarde muito agradável e proveitosa. Abaixo seguem textos de alguns emails que recebi depois do passeio.
Keina- “Gostei muito das visitas, e acredito que foram muito importantes, não só pela apreciação dos quadros, mas também para se desligar da correria da semana. As coleções de livros são atraentes e, com certeza de grande auxílio.”

Janine- “Puxa! Gostei muito da nossa visita ao MARGS, nunca pensei que estaria diante de quadros tão famosos que só tinha trabalhado através dos livros, nas aulas de literatura... Senti-me na França!

Elisângela- “A oportunidade de conferir ao vivo obras de pintores já estudados na faculdade.”

Iria- “Foi excelente, pois tudo que se refere a cultura é gratificante e prazeroso. Achei perfeita a frase de um pintor que dizia o seguinte: A nudez da mulher contém mais sabedoria que das lições de filósofo”

Nenhum comentário:

Postar um comentário